quinta-feira, 25 de janeiro de 2007

Arca de Noé- A Perpectiva de Deus

No paraíso, Deus apercebe-se do terrível destino que o aguarda: tem que esperar que S. António saia da única casa-de-banho lá do sítio. S. António tinha acabado de participar numa maratona de 500 casamentos e decidiu ir à casa-de-banho. Deus, por seu lado, conhece bem S. António, e sabe que ele gosta de “verificar como estão as noivas”, o que tornava as suas idas à casa-de-banho intermináveis.
-S. António?! Oh, homem, sai daí que eu tenho que me despachar!
-Perdoai-me meu Deus, que eu pequei.
-Oh, meu filho, sai-me daí e eu até te desculpo as escapadinhas com os anjos!
-Mas, meu Deus, não percebes? Eu estive com as noivas, antes dos casamentos, e...
-Eu sei muito bem o que fazes antes dos casamentos e porque é que te enfias na casa-de-banho, de seguida! Agora sai antes que a Minha fúria se abata sobre ti!
-Esperai meu Deus, que fostes Vós que me ensinastes que a paciência é uma virtude...
S. António tornou-se no padroeiro de um feriado numa cidadezeca de segunda (a contar do fim), depois desta linha, mas a verdade é que Deus ainda não tinha como ir à casa-de-banho. Depois de muito debater, tomou uma decisão arriscada: teria que o fazer na Terra, mas ordenaria que alguém recolhesse um macho e uma fêmea, de cada espécie na Terra, e que construísse uma arca para todos eles, para não ter que começar de novo.
-Acorda, Noé!
-Agora não querida, que a minha mulher ainda nos apanha...
-Noé acorda que sou Eu, o teu Deus!
-Deus? Esconde a paiva, querida, que sabes como o nosso Deus é! Que queres deste teu humilde servo, meu Deus?
E Deus lá lhe explicou a sua situação, com a omissão de algumas partes desnecessárias.
-Então vais estar a castigar a humanidade pelos seus pecados, com chuva?
-Não foi isso que eu já te tinha dito?! Agora despacha-te a construir a arca que eu estou aflito!
-Aflito, meu Deus?
-Sim, aflito, é que a chuva, é, vejamos, como é que me safo desta, a chuva são as minhas lágrimas! É isso mesmo!
E Noé lá se dedicou à sua árdua tarefa (“Oh, meu Deus, levaste-me à banca-rota, quando chegou a altura de comprar a madeira.”), enquanto Deus foi ver se a casa-de-banho já estaria livre.
-Está lá S. João, agora, nosso Senhor.
S. João passaria a levar com uma quantidade ridícula de foguetes nas fuças todos os anos, no dia mais longo do ano, depois desta.
E Noé lá acabou a sua arca, permitindo a Deus aliviar-se de uma vez por todas.

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